segunda-feira, 16 de maio de 2011


                                                                                                         Por: Erica Bomfim

Entrevista com o vice-reitor da UESB, professor José Luiz Rech

   O zootecnista e vice-reitor da UESB, professor José Luiz Rech foi aluno da primeira escola de Zootecnia do país, na Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, na cidade de Uruguaiana em 1966. É um dos professores pioneiros do campus de Itapetinga da universidade, chegando à cidade em 1984, dois anos após a criação do curso de Zootecnia, no qual atua como professor. Na entrevista abaixo o zootecnista faz um comparativo entre a primeira e as atuais escolas de zootecnia, no tocante a preparação profissional e a matriz curricular. Confira:

Qual a importância do profissional zootecnista hoje para o país?


  Quando se criou o curso de zootecnia em 1966, com os fundadores José Francisco Sanchotene Felice e professor Mário Vilella, juntamente com Octávio Domingues, grande zootecnista que a gente tem no Brasil, criaram o curso para preencher uma lacuna de carência na produção animal. Naturalmente que foi um currículo não muito desejado na época, mas veio se aprimorando com o tempo e a função do zootecnista é de extrema importância para a produção e o esteio da nossa pecuária.


O senhor é da primeira escola de zootecnistas, o que mudou na formação desses profissionais de 1966 até hoje?

Mudou muito, antigamente o currículo era anual e agora, os currículos são semestrais. Mudou o fluxo dos currículos, aumentou a quantidade de disciplinas, porque vieram se aperfeiçoando as técnicas e se chegou a conclusão de que as disciplinas deveriam ser desmembradas em vários outros sentidos tecnológicos. Hoje chega a ter em faixa de 75 a 80 disciplinas, quando na minha época eram só 35 a 40 disciplinas anuais. Houve um maior aperfeiçoamento, cresceu a quantidade de especializações, mestrados e doutorados no país na área de zootecnia, e com isso o zootecnista foi criando novos campos de atividades e se aprimorando cada vez mais. Com essa ampliação, houve também um aumento das vagas no mercado de trabalho, de modo que hoje, temos um mercado de trabalho bastante satisfatório, de grande repercussão e atinge todos os pontos do país.


O senhor acredita que os profissionais que estão saindo das universidades hoje estão mais preparados para atuarem no mercado de trabalho?

Sim, principalmente porque aumentou o intercâmbio entre as universidades e entre os cursos. Não desfazendo dos profissionais antigos, que tem uma grande vantagem porque eram cursos mais voltados para a prática, e isso era de fundamental importância e esses zootecnistas pioneiros conseguiram ingressar no mercado de trabalho, atuando diretamente no campo e em grandes extensões, o que levou ao fortalecimento da zootecnia. Se nós não tivéssemos feito esta atividade no passado, talvez tivéssemos dificuldades. Então os profissionais do passado contribuíram muito para que o curso tivesse uma base científica como a de hoje.




O senhor é um dos professores pioneiros da UESB, haja vista que o curso começou em 1982 e você chegou em 1984, qual a sua preocupação nesse início?

Realmente nós chegamos aqui em 1984, e foi quando tive uma grande preocupação com os zootecnistas. Eu fui fundador do Sindicato dos Zootecnistas e da Associação dos estudantes de Zootecnia no Rio Grande do Sul, e fundei várias outras associações no Brasil também, e fiquei preocupado quando cheguei aqui porque não vi uma base que permitisse solidez ao curso de zootecnia. Mas, encaramos e fomos buscar essa realidade que hoje aí está e que nos deixa orgulhosos por ter sido alcançada e com a colaboração de todos.



Te emociona ter ajudado a UESB a possuir hoje uma graduação, um mestrado e um doutorado disponibilizados para a formação do profissional zootecnista?

Eu tenho a satisfação de dever cumprido. Mas com um detalhe, pois eu acho que a gente não deve parar por aí, devemos cada vez mais investir na melhoria da qualidade do curso, pois não é um mestrado, nem um doutorado que dá a qualidade ao mesmo. A qualidade do curso se dá formando profissionais capaz na graduação, e no meu ponto de vista, acredito ser de fundamental importância. Então, nós temos que rever a graduação toda, de todas as universidades, até porque nós temos uma nova situação de aprendizado no país, de novas tecnologias, de novas informações que chegam a todo instante. Embora tenha a satisfação de dever cumprido, acredito que o curso de Zootecnia da UESB ainda não atingiu o patamar ideal em Itapetinga. Temos que rever alguns pontos, principalmente da base de estágios, de trabalhos de conclusão de curso, de dar a melhor formação possível ao nosso profissional, principalmente no tocante a responsabilidade assumida desde o início, quando ele entra na universidade. Nós temos que fazer com que o aluno se sinta desde o primeiro ano da universidade como um profissional, e com que ele atinja a maturidade mais rápido. Se conseguirmos, teremos um aluno de melhor qualidade e maior responsabilidade com a nação, a nível de produção animal no país.




Qual a mensagem que o senhor deixa para o aluno que está começando agora no curso?


Que ele tenha como meta fazer o seu curso no sentido de se profissionalizar o máximo possível. Atingir o ápice do profissionalismo, ser responsável, ter ética, respeito, conduta. Eu acho que quando a pessoa tem esses princípios na sua formação profissional, ele atinge o perfil de qualidade hoje desejado pelo mercado de trabalho. Ele buscando isso desde o início, e estudando, adquirindo informações, não só dentro da sala de aula, como fora dela, se dedicando ao seu tempo de aprendizado ele vai atingir muito mais rápido os seus índices de performances a nível profissional.



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